terça-feira, 15 de outubro de 2013

Introdução ao 2º Workshop Fotografia de Natureza

Segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) (2011) existem no Brasil, 1832 aves catalogadas, ou seja, para aqueles que almejam fotografar aves, motivos não faltam. No entanto, este é um dos grupos mais difíceis dentro da fauna de serem fotografados, pelo tamanho quase sempre diminuto, pela biologia arisca, pelos movimentos rápidos, pelo habitat e comportamento.

O dossel é um dos habitat preferido das aves, onde se encontram cerca da metade desses bichinhos (Schmidt 2002).  Compreende-se por dossel o ambiente formado pelo aglomerado de copas de árvores, seus troncos, galhos, folhas e também epífitas e outras plantas presente no topo das florestas (Matter 2010). Sendo um dos ambientes mais ricos da terra, abrigando cerca de cinquenta por cento de todos os organismos vivos existentes, e por sinal é também um dos ambientes menos conhecido pela ciência.

Considerando os dados acima fica evidente que para aqueles que almejam fotografar aves ou qualquer outro grande tema da natureza, fotografar o dossel passa ser quase que uma obrigação, no entanto, se a fotografia de natureza já impõe suas dificuldades, fotografar dosséis passa ser mais do que um desafio que requer múltiplos conhecimentos, e que somente pelo fato de envolver ascensão e altura já assusta e até mesmo impossibilita muitos entusiastas pela fotografia de natureza.

Mais do à coragem e conhecimento a fotografia em dossel requer técnicas especiais, sobre tudo no que diz respeito à segurança. Atualmente há três categorias principais de ascensão: (Matter, 2010 cit Moffet e Lowman 1995, Barker e Sutton 1997) os de alta tecnologia; que são métodos onerosos, como plataformas, dirigíveis e similares, estes rendem bons resultados, mas os altos custos impossibilitam até mesmo os profissionais de alto escalão de usufruir destas técnicas.  Os de baixa tecnologia; são os que possibilitam o acesso ao dossel por meio de escaladas em árvores e/ou por cordas especiais, estes custam menos, no entanto, podem ser desconfortáveis e se aplicados sem os conhecimentos e técnicas corretas podem causar riscos, tanto ao fotógrafo como ao ambiente. Por fim ao método baseado no chão; onde o fotógrafo permanece no chão para obter imagens do dossel, neste basta uma câmera compatível e um bom binóculo, porém este método pode ser bastante limitado dependendo da altura do dossel, além das limitações impostas naturalmente pela iluminação, angulo em relação ao motivo e os obstáculos naturais, como galhos e folhas que se impõe entre o motivo e o fotógrafo.

Para facilitar, os fotógrafos podem usar de artimanhas como iscas naturais, chamarizes sonoros (play back) e camuflagem. Mas para cada possibilidade citada há um preço a ser pago. E tudo isso será abordado no próximo Workshop de Fotografia de Natureza com o fotógrafo Ederson Godoy o biólogo e ornitólogo Eric Williams e engenheiro florestal e escalador Jorge Roumie.  

Referências

 MATTER, S. Von Matter et AL,  Ornitologia e Conservação, Rio de Janeiro, 2010. Editora Tecnical Books, (PÁG. 107 a 117). 
gavião-cabloco (Buteogallus meridionalis) Ave que se divide entre o dossel e o solo. 

tiriba-cabeça-de-coco (Aratinga auricapillus), nidificam preferencialmente em dossel. 

Alma-de-gato (Piaya cayana) raramente é visualizada longe do dossel. 

João-curutu (Bubo virginianus) Ave de rapina que abriga no dossel e caça no solo. 

surucuá-grande-de-barriga-vermelha (Trogon surrucura) Ave exclusiva de dossel. 
Sauá ( Callicebus sp) nunca desce ao solo. 

Bugio ( Bugio allouatta) raramente desce ao solo. 

perereca-verde também encontrada em dossel. 

Bromélia, grupo de plantas tipica de dossel. 


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