Nada é mais importante no mundo da fotografia como o instante. A fotografia é uma luta contra a decadência e a morte, afirma Marigo, numa matéria a revista Fotografe. De certo modo todo instante é uma morte, desse mesmo instante. È quase impossível repetir uma imagem, um instante depois, seja esse instante breve ou longo. A terra é um organismo vivo que vive em constante movimento e transformação, assim como o sol, o clima, a temperatura e a lua. A junção destes fatores impede que um momento seja igual ao outro, por isso independente da qualidade da foto, com certeza cada disparo é um registro singular.
E todos esses “princípios” se intensificam quando se fotografa a natureza, é a vida em pleno movimento; se manifestando com todas as suas formas, cores, facetas, instintos e tudo mais que se possa imaginar. Em se tratando de natureza um instante perfeito para uma boa imagem pode durar décimos de segundo.
O mundo fotográfico, como a natureza, teve grandes transformações principalmente com toda a tecnologia do mundo digital, que “facilitou” bastante para os fotógrafos. A tecnologia não só trouxe a possibilidade do fotógrafo ver a imagem no mesmo instante que a fez e assim fazer ajustes de luz, ISO, velocidade ou até mesmo de posição, como também deixou os equipamentos mais leves, dinâmicos e econômicos. E por isso a escolha do equipamento também se tornou algo determinante para a fotografia de natureza. A primeira coisa a se decidir é o que vai fotografar: paisagem, aves, insetos, grandes mamíferos, animais de hábitos noturnos, amimais aquáticos, plantas e por aí vai... Cada motivo deste requer uma técnica diferente, e consequentemente um equipamento que melhor se adapte a tal motivo.
Embora a distância focal seja provavelmente a primeira ponderação ao escolher uma objetiva, ela não deve constituir o único fator a ser levado em conta, a velocidade da objetiva também é essencial, objetivas rápidas são objetivas mais claras por isso permitem que o um motivo seja fotografado em condições de pouca luz o que é muito comum dentro de florestas, lembrando que o uso de flash nem sempre é indicado, principalmente quando se fotografa animais ariscos. Dependendo da intenção, equipamentos amadores podem gerar resultados muito próximos aos equipamentos profissionais, isso é outra vantagem dos avanços tecnológicos, hoje se pode ter em casa o que antes era exclusividade de profissionais de ponta.
Marcas de um felino, mostrando que o bicho pode estar por perto. |
Além de todas as dificuldades impostas pela natureza há também as dificuldades impostas pelo capitalismo, como o preço salgado dos equipamentos e a dificuldade inicial de sobreviver somente com essa profissão, por isso é sempre bom uma fonte extra de renda, que pode ser no próprio mundo da fotografia ou mesmo conciliando com outra profissão distinta, o que não é nada fácil, pois fotografia de natureza requer tempo e viagens e tudo isso tem custos. O melhor é começar como Hobby e com o tempo transformar isso em profissão.
Votando a natureza, um dos maiores empecilhos da natureza é se aproximar o bastante do motivo, para que se tenha uma imagem nítida, no entanto, animais são rápidos, sendo assim, precisará de artimanhas, como camuflar e esperar e ter sorte, às vezes esperar muito, e pior! Sem obter o resultado esperado. Talvez até consiga a imagem do bicho, mas esta pode não estar numa pose bonita ou demonstrativa, pode acontecer de não conseguir o foco devido à movimentação rápida do bicho, pode faltar luz ou não conseguir uma composição bonita, valendo apenas do registro. Uma técnica para facilitar a aproximação é o play Bach, para aves e alguns mamíferos, mas essa técnica também tem seu preço, que é extrair a espontaneidade do motivo. Se a intenção é fazer uma foto premiada, com certeza não obterá usando de tal artimanha. O grande lance da natureza é registrar o fragrante, é mostrar o hábito do bicho e suas peculiaridades e isso só possível não interferindo de nenhuma forma no seu habitat e na sua biologia. Por isso também é essencial conhecer a biologia do bicho.
Fotografar na natureza é como pescar, é preciso de técnica e de sorte, se tiver sorte pode conseguir uma imagem que nenhum outro fotógrafo conseguiu, mas é melhor não esperar pela sorte, assim como na vida, a sorte premia aqueles que trabalham mais, os mais ousados e àqueles que acreditam, mas sem deixar de batalhar. Quando se está à procura do motivo, um lobo-guará, por exemplo, terá antes de tudo conhecer a biologia do bicho, para procurá-lo no local mais provável aumentando as chances, mas isso não quer dizer que este estará no local mais provável, esse é um dos grandes baratos da natureza, nunca se sabe o que vai encontrar e onde.
Esta é uma cena comum no mundo
da fotografia de natureza, quando
encontra o bicho, mas esse esta
numa situação desfavorável para ser
fotografado.
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caneleiro-de-chápeu-preto Pachyramphus validus fotografo sem play back |
Outra dúvida é procurar pelo motivo ou se camuflar em local estratégico e esperar até que o motivo apareça. O que se deve considerar é o motivo e mais uma vez conhecer a biologia do animal. Na grande maioria os animais selvagens têm faro, audição e visão muito mais aguçados que a do homem, sendo assim, caminhar procurando pode não ser uma boa alternativa, pois o bicho irá nos perceber bem antes de encontrá-los. Mas é claro que isso varia muito do que procura e a onde procura. Por outro lado, procurando, sempre irá achar algo, pode até não ser o motivo almejado, pode ser algo ainda mais interessante. São regras da natureza: esqueça a regra.
Na natureza sempre se aprende, poderia escrever um livro de 500 páginas sobre o assunto e no final ainda faltaria algo, mas uma regra que jamais podemos esquecer-nos é a regra da segurança em primeiro lugar. Para andar na natureza às vezes é necessário coragem, o que não quer dizer que temos que ser estúpidos e nos colocar em risco ou oferecer risco a qualquer entidade viva, o respeito e a ética é essencial, por isso sempre use equipamentos de segurança, como perneira, protetor solar e que mais o local e as condições naturais exigirem.
caneleiro-de-chápeu-preto Pachyramphus validus fotografado com auxílio de play back |
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