terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Tangará - Uma das mais belas aves do Brasil


           
Macho adulto
  
        O tangará é uma das mais belas entre as aves brasileiras e que também proporcionam um dos mais belos espetáculos no seu ritual de acasalamento, também conhecida como tangará-da-serra e tangará-dançarino, este ultimo justamente devido a seu hábito de dançar para a fêmea em época de acasalamento. O tangará é da família dos pipridae, aves pequeninas, gorduchinhas, coloridas e que apresentam cortejo de acasalamento sendo o mais conhecido a do tangará (Chiroxiphia caudada), que chamou atenção dos primeiros naturalistas que chegaram ao Brasil como de Cardim em 1853 (Sick 91), um dos primeiro a descrever essa elaborada dança. Porém nem todos os cortejos são tão elaborados, somente o tangará-falso (Chiroxiphia pareola) apresenta um ritual de dança tão complexo, as outras espécies fazem exibições a fêmea.
Fêmea adulta

            O ritual de dança dos tangarás envolve vários machos, que encontram ‘leks” ou “arenas” e ali constituem por anos um palco de exibição, nesse palco é escolhido um galho onde vários manchos de posicionam um do lado do outro, quando a fêmea se faz presente começam a pular e fazer exibições sonoras, seguindo criteriosamente uma ordem, no qual o primeiro pula no fim da fila e o último pula para frente e assim conseguentemente, assim fazem acelerando o ritmo até o macho alfa finalizar o cortejo batendo as asas rapidamente e fazendo uma exibição sonora estridente. Esse ritual gira em torno de 1 minuto e pode ocorrer várias vezes ao dia.
Macho adulto exibindo-se

            O mais interessante dessa exibição que não é uma disputa que vai determinar qual o macho que vai acasalar com a fêmea e sim uma exibição de cooperação no qual os outros machos corroboram com o alfa para que este possa acasalar com a fêmea. Daí fica a pergunta por que os outros machos iriam colaborar, se estes não têm chance de acasalar? Simplesmente, porque naquele “lek” haverá um substituto que herdará o direito de acasalar, fato que já foi demostrando com a rendeira (Manacus manacus), neste exemplo foram 11 anos de espera para que um indivíduo se tornasse o macho dominante (Sick 91).
Dança de acasalamento 

            Essa espécie é polígama, no qual a fêmea pode visitar e acasalar com vários machos diferentes, mas nunca dentro do palco, o que nunca foi registrado, conseguentemente cabe a fêmea criar seu filhotes, normalmente dois. O ninho é construído próximo a cursos a água, no qual a fêmea delimita seu território, assim pode haver confronto entre fêmeas, nesses confrontos elas vocalizam e exibem pequenos saltos, muito parecido com parte da exibição dos machos, caso não haja desistência de nenhuma das partes pode haver o embate físico, situação que presenciei na serra de São Domingos, Poços de Caldas.
Plumagem do macho juvenil

            Os filhotes são verde oliva a mesma cor da mãe, diferenciando pelo topo da cabeça vermelha, o interessante é que na falta de uma fêmea os machos dançam para os juvenis, possivelmente para treinarem e para ensinarem a eles, e mesmo entre filhotes pode haver pequenas demonstrações.
            O tangará é uma ave florestal por isso ainda é desconhecida, porém tem boa distribuição no território nacional, habita as matas densas do sul da Bahia, do sudeste e sul do Brasil, também o Paraguai e nordeste da Argentina  onde exercem um importante papel de preservação e manutenção das florestas, não é difícil vê-la dispersando sementes pela regurgitação assim como não é difícil ouvi-la, porém mesmo colorida consegue passar despercebida aos olhos se escondendo entre a vegetação densa, mas é uma ave que responde bem ao play back, assim é mais fácil contemplar toda sua beleza.
Fêmeas brigando por território

Fêmeas brigando por território


Acima o vídeo da chamada do Programa do terra da Gente que exibiu todos os detalhes desta bela corte e abaixo o link do programa na íntegra


Referências:
Roman, C., Della-Flora, F., Broudt, M. S., Caceres, N.C, DIFERENÇA DE COMPORTAMENTO DE CHIROXIPHIA CAUDATA (AVES, PIPRIDAE) EM DIFERENTES ESTRATOS FLORESTAIS NO SUL DO BRASIL, 28 de Set de 2007. Disponível em: http://www.seb-ecologia.org.br/viiiceb/pdf/1943.pdf. Acesso em 03 fev. 2009.

http://www.wikiaves.com.br/tangara

SICK, H,. Ornitologia Brasileira, pág 636 a 671, Rio de Janeiro, RJ, 2001.

Seu nome científico significa: do (grego) kheir = mão; e xiphos, xiphidion = espada, punhal; e do (latim) caudata = com cauda, (longa/curta). Asa de sabre com cauda longa.

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