Verdenovo: fevereiro 2015

A realidade das casas e casarões antigos da região.

fechadura usada muitas fezes para trancar escravos

Caldas é uma das cidades mais antigas do Sul de Minas Gerais, com mais de 200 anos de idade, colonizada por tropeiros desiludidos com o ouro, que encontraram nos seus campos naturais uma nova oportunidade para criar gado, Os primeiros registros de colonização datam por volta de 1780, quando o português Antônio Gomes de Freitas, que é considerado seu fundador, comprou a “Fazenda dos Bugres”, esse nome se deve devido aos objetos de origem indígenas que foram encontrados na região.

Casa de pau-a-pique abandonada

Bons testemunhos dessa história são as fazendas centenárias encontradas na zona rural do município, mas, infelizmente na grande maioria essas fazendas encontram-se abandonadas, em ruínas. Uma das poucas fazendas ainda ativa é a fazenda do “Toquinho” ou fazenda da Cachoeirinha, que ainda nos dias atuais ordenha o gado como nos primórdios da colonização, uma verdadeira viagem ao passado.

Fazenda da Cachoeira

Das fazendas abandonadas algumas têm histórias bem interessantes como a Fazenda do Jardim, uma fazenda bicentenária construída por um ex - cônsul sueco, que ao aposentar veio morar na região. Dizem os antigos que o Cônsul era um homem muito severo que judiava muito dos seus escravos, outros já contam que ele construiu uma maquina de cunhar moedas de ouro, contudo a fazenda hoje em ruínas ficou assombrada, da fazenda resta apenas a base de pedras e um cemitério onde era enterrada os familiares e os escravos, onde também dizem estar o ouro.

Cemitério da Fazenda do Jardim

Das fazendas assombradas outra é tem história bastante intrigante que é a fazenda do “Dito Quirino”, hoje também se encontra abandonada, restando às ruínas de algumas benfeitorias e o “corpo seco” do antigo dono, segundo os moradores próximos. Dizem que ex - fazendeiro se tornou corpo seco para vigiar o ouro enterrado nas proximidades da fazenda.

Em meio às crendices, histórias e estórias a alguns fatos inegáveis, como que antigamente como não havia muitos bancos, grande parte da riqueza dos fazendeiros era estocada em ouro, que em muitas vezes era enterrada nas proximidades da fazenda para evitar intrusos na fazenda, para isso era criado histórias de assombração para espantar os espertinhos que tentavam procurar. Há relatos que nas ruínas da Fazenda do Jardim foi encontrado uma panela cheia de ouro pelos pedreiros que a demoliram. As lendas dos “corpos secos” nasceram dos cadáveres que por algum motivo não eram decompostos e se mumificavam normalmente devido a algum medicamento forte que o falecido tomava nos seus últimos dias de vida.

Mas, o triste de tudo isso é o abandono das fazendas, sendo que algumas ainda estão em um bom estado de conservação, e que poderiam ser exploradas de várias maneiras como no turismo rural. É irrefutável, que estas fazendas não só contam a história do município como também a história do nosso estado e do País. Como exemplo algumas dessas fazendas hospedaram o médico, botânico sueco Anders Fredick Regnell um dos mais importantes naturalistas que já passou pelo Brasil, tendo na sua terra natal um museu que leva o seu nome, enquanto aqui seu nome nem é lembrado e os locais por onde passou por onde construiu sua história onde poderia ter um museu ao menos é preservado encontrando-se aos escombros.

Estas imagens são um pequeno esforço de resgatar e de alertar o setor público e até mesmo os familiares e herdeiros a esses importantes elementos da nossa história que estão se perdendo.