domingo, 10 de setembro de 2017

Conhecendo Marinzinho e região

Serra Fina e ao fundo Itaguré

Quando se fala em Minas Gerais muitas coisas podem vir à mente, o estado é muito rico culturalmente, com uma grande contribuição na história brasileira, além de uma culinária típica, suas belas paisagens com suas serras e toda a “mineralidade”, tudo isso faz de Minas um dos estados mais agradáveis para viver e para visitar.

Marmeleiro

            Marmelópolis é uma das muitas cidades mineiras onde todas a “mineiralidades”, estão bem representadas, nome veio do marmelo o marmelo embora não seja uma fruta nacional foi incorporada como se fosse, ainda mais porque combinou muito bem com o queijo, em minas é assim todos em são bem vindos e sempre há um casamento perfeito, O Sr Maeda que o diga: Higeki Maeda é um japonês natural de Nakasaki que veio para o Brasil implantar o montanhismo, depois de subir vários cumes pelo mundo viu na Serra da Mantiqueira uma excelente fonte aventura, mas como tudo ainda era floresta bruta, e esse bruto deve ser levado ao pé da letra, ao pé da letra de uma mineiro do pé rachado com um paieiro no canto da boca.

Marmelópolis

            Apenas com um facão o Sr. Maeda, com todo o vigor conhecido dos japoneses abriu a trilha de Marins, SP (2.441m de altitude) a Itaguré, MG (3.308 m de altitude) a conhecida “travessia dos Marins-Itaguaré” com 35km de distância que mesmo o montanhistas mais experientes penam para percorre-lá.
            Essa travessia era um sonho de infância, e depois de vários ensaios e muitos adiamentos resolvemos conhecer a região, assim juntamente com João Braga e Willam Modina partimos rumo ao pico, saímos do acampamento do Sr. Maeda e partimos até o topo do Marinzinho o ponto mais alto da região e sem dúvida o mais belo, situado entre Marins e Itaguaré tem uma vista privilegiada dos cumes e do todo vale da Mantiqueira, tanto do lado Mineiro como do lado paulista.  
Subida ao Marinzinho.

            A minha intenção era registrar as montanhas a noite, como era noite luar o momento era propício para isso tive que levar uma pesada tralha de equipamentos fotográficos com cerca de 6 km além de toda a tralha para acampar: comida, proteção e água este último foi o que faltou, com todo o calor e o desgaste da caminhada a água durou um dia a menos do planejado e o percurso ficou pela metade, não fomos até Marins, mas valeu muita a pena, e que pena! Alguns trechos para se chegar ao topo do Marinzinho é preciso da ajuda de corda, especialmente os últimos mil metros que da até para duvidar da possibilidade de atingir o pico, mas quando mais se sobe mais instigado pelas paisagens ao redor ficamos.
Chegando na base do Marinzinho

            Lá em cima há 02 bases pequenas para acampamento com capacidade para 4 barracas no máximo, somente uma base é protegida a outra é exposta e em dias de inverso a temperatura deve chegar facilmente abaixo de zero, pegamos uma temperatura agradável e o vento estava bem moderado, o que facilitou fotografar do nascer ao pôr do sol sem muito sacrifícios extra além do de chegar até o cume.
Acampamento no pé do Marinzinho

            A região é um pacote completo para apreciar e fotografar além das montanhas há cachoeiras, culinária, grutas e o famoso Museu do Montanhismo que é o museu particular do Sr. Maeda com fotos da várias expedições e os equipamentos usados por ele e amigos desde os primórdios do montanhismo que apresentado por quem viveu e guardou toda essa história ganha um contexto especial, ainda mais pela simpatia do Sr. Maeda. 

Serra Fina e itaguaré

Belezas naturais do Marinzinho

Serra Fina

Pico do Itaguaré

Pico do Marins

Entardecer na Serra fina

Pôr do sol visto do Marinzinho

Mar de morros visto ao entardecer

Belezas naturais ao entardecer

Noite no Marins

Marins sob as estrelas

Luar visto do Marins

Nascer do Sol na Mantiqueira


Descida da Serra

Eu, João Paulo e Modina subindo o Marins

Sr. Maeda Mostrando o Museu do Montanhismo

Museu do Montanhismo





terça-feira, 14 de março de 2017

Uru-capueira (Odontophorus capueira)


O uru, ave galliforme da família Odontophoridae.

Casal de urus fotografados num fragmento florestal em Caldas- MG

         O uru é um pequeno galináceo encontrado em toda área leste do Brasil, do Nordeste ao Sul, além das áreas fronteiriças de Paraguai e Argentina (Wikiaves 2017),  Esta ave deixou de ser uma abundante aqui no sul de Minas devido principalmente a caça predatória e a destruição de habitas, hoje é encontrada em pequenos bandos em alguns fragmentos isolados.
         Encontrada no solo de florestas densas, clareiras, matas de araucárias e matas subtropicais onde é vista aos pares ou em grupos familiares. São aves territorialistas quando assustadas fogem correndo pelo solo, se escondendo pela vegetação densa, ou mesmo voando, quando em locais mais abertos.
         Sua alimentação ainda não é totalmente conhecida sabe-se que se alimentam de alguns frutos, sementes, artrópodes e pinhões, sementes da Araucaria angustifólia o qual corta a casca e alimenta-se da semente.


         Nidificam no solo, em buracos cavados por outros animais como tatus, por exemplo, ou constroem uma cabana de folhas secas onde botam em média 5 ovos. Seus filhotes são nidífugos. Procriam nos primeiros meses do ano, no período seco (RODA, 2008).
Desafios para fotografá-la

         O uru é uma ave extremamente arisca que habita os solos florestais, por isso, fotografá-la não é tarefa fácil, pois além dos desafios técnicos há também os desafios naturais estabelecidos pelo bicho e pela floresta. O primeiro grande desafio é encontrá-la e descobrir sua rotina ou seu território, isso pode ser feito observando as marcas deixadas no solo, já que ela tem o hábito de ciscar a serrapilheira em busca de alimento. Se tiver muita sorte encontrará ao acaso ou pelo seu canto, que sempre é antes do dia amanhecer, mas se é muito provável que ela perceba nossa presença bem antes de visualizá-las.
         Como a ave habita o subosque aonde a luz quase não chega o próximo desafio é superar isso, flash ou outras fontes de luzes artificiais não funcionam, pois a ave é muito arisca e com certeza vai se assustar com as luzes que denunciaram sua presença. O indicado é fazer uma camuflagem de madeira ou pano e montar a maquina num tripé para poder usar uma velocidade mais baixa sem gerar fotos tremidas, mesmo assim, o ISO muito provavelmente vai ser sacrificado a não ser o uru seja atraído para um local com exposição de luz direta ou que tenha uma teleobjetiva com abertura de 1.8 (f) ou menos, mais isso custa caroo!!
         Com tudo isso providenciado é só se esconder e esperar, para multiplicar as chances use iscas, como milho ou pinhão. Dificilmente conseguirá êxito já no primeiro dia, é aconselhável deixar a camuflagem armada por um dois dias para que os bichinhos se acostumem com o objeto estranho, por mais natural que fique ainda sim vai ser notado e vai gerar estranheza em primeiro momento. Espere.

         Abaixo um pequeno vídeo caseiro e as fotos conseguidas depois de 3 dias de espera. 



A ave é extremamente arisca, como todos animais grupais sempre há um que fica a espreita enquanto os outros se alimentam.
Casal de urus descansando ao sol.

Veja a matéria produzida pelo Terra da Gente sobre esse fragrante no link abaixo:
http://redeglobo.globo.com/sp/eptv/terradagenteeptv/videos/t/edicoes/v/uru-e-ave-dificil-de-avistar/5833497/

https://youtu.be/f2qq61BzwWw
Referências:


SICH, H. Ornitologia Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2001.
SICK, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira.
SIGRIST. T, (2013) Avifauna Brasileira, Guia de Campo Avis Brasilis, Vinhedo, SP.
http://www.biodiversitas
http://www.wikiaves.
RODA, S. A. Odontophorus capueira plumbeicollis Cory, 1915. In: MACHADO, A. B. M; DRUMMOND, G. M.; PAGLIA, A. P. (eds). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Volume II. 1.ed. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 2008. p. 440 - 441.