Estamos cientes que a
aventura da vida é finita, ainda sim vivemos como se fossemos eternos, mesmo
cientes que biologicamente somos tão parecidos com outros seres, mesmo
conscientes da nossa consciência. Ironicamente estamos na contra mão da
existência e da sobrevivência como espécie.
Longe de domar nossos instintos que ao contrário de outras
criaturas, estão nos levando à extinção, assim como todo o equilíbrio da vida.
Mas, por que isso acontece? Seria pela arrogância de acharmos seres superiores?
Seria pela alienação imposta por nós mesmos? Aonde vamos chegar? O que queremos
como indivíduo e como “sociedade”?
Quem mata o tempo injuria a eternidade. "Henry David Thoreau" |
Estas perguntas que alguns poucos ruminam parecem não
fazer sentido a grande maioria tão ocupada e preocupada com coisas tão banais. Inventamos
problemas e desafios prosaicos para dar sentido ao viver, como se a vida por si
só fosse banal, vazia e sem sentido. Perdemos as raízes com o vital da vida que
é a interação, estamos ermos contra tudo e todos na busca de uma afirmação e de
conquistas. Queremos ir sempre mais longe sem apreciar o caminho, procuramos o
topo simplesmente pela satisfação de olharmos como “superiores”. Não seria hora de conquistar a auto-afirmação?
Não seria hora de questionar a nossa existência e buscarmos um caminho menos
solitário e mais solidário? Não seria o momento de descermos do pedestal e nos
olharmos como criaturas?
Todos estes questionamentos deveriam ser mantras de nosso
dia a dia, não precisamos de novas tecnologias, mas sim de sabermos como usar
as já existentes, de vermos tudo de uma maneira mais simplista e funcional, de
“re-domar” nossos instintos a sobrevivência da espécie, não ao antropocentrismo
narcisista. Não somos mais funcionais, nos perdemos no caminho, tivemos nossas
raízes cortadas, nossa existência contestada. Ainda somos bichos, enjaulados e
domesticados por necessidades efêmeras e levianas.
Nossa maior necessidade ainda é sobreviver, indiferente
do tamanho e da arquitetura, uma casa é ainda é abrigo, não importa a cor, a etiqueta,
roupas ainda são para proteção, ainda temos que comer e como sabedores da
realidade atual não necessariamente necessitamos procriar sem antes saber como
cuidar.
Estamos em busca de respostas, mas de respostas que nos
satisfaçam ou que nos conduzem a verdade? A busca pelo conhecimento só tem
sentido se esse for empregado ao bem comum. A felicidade está na existência e
no viver, nossa existência é plena, no entanto, finita, e deve ser deixada como
herança.
Nossa grande procura, está dentro da nossa própria essência. |
Esperamos por soluções como se está fosse externa a
nossas obrigações e a situação se agrava, pois a entidades que deveríamos no
proteger na verdade mais agravam a condições humanas do que propriamente nos
protegem. Entidades como a política quando fazem são imediatistas e buscam
agradar o bem estar da população que está corrompida e alienada ao consumismo e
ao individualismo. Por fim a corrupção, a venda de votos e interesses, o
despreparo e o sistema governamental pautado no capitalismo e no crescimento a
qualquer custo selam o desacordo com a harmonia com a natureza e com a própria
sociedade.
A (s) religião (s), ou a religiosidade seria outro ator
social em defesa da humanidade e da harmonia, no entanto, as pregações estão
mais voltadas às interações espirituais que não deixam de ser essenciais, no
entanto, se mostra antropocêntrica. Sobre tudo no cristianismo no qual o homem
é uma criatura superior, sem uma reflexão profunda e filosófica entre criaturas
e criador, homem e natureza, homem e Gaiá... Pouco se discute sobre a ética e
moral tão fundamentais ao existencialismo humano.
A bondade é o único investimento que nunca vai a falência. "Henry David Thoreau" |
Não menos decepcionante está a ciência que trabalha quase
que única e exclusivamente aos interesses do homem e das tecnologias, ou seja,
ao “crescimento” imponderado das vaidades e das necessidades superficiais. Contudo,
a esperança humana ainda é a ciência que obrigatoriamente deve estar amparada
em princípios éticos e transcendentais. Todo conhecimento deve ser regulado ao
bem estar e soluções globais e palpáveis a todas as classes e criaturas.
Por fim todas as responsabilidades recaem
sobre cada indivíduo, independente do clero, status, etnia, cargo, ocupação,
enfim... Todos os homens são responsáveis. Não necessariamente todos nós
deveríamos tornar Franciscanos, talvez até seja um ideal utópico a ser
refletido, mas devido às circunstâncias da humanidade atual isso seria inviável
e impossível. Também não adianta apenas ir contra o sistema, se isolar em
comunidades ou simplesmente se aderir à filosofia hippie ou qualquer outra
cultura questionável e sem grandes contribuições sociais. Simples atitudes
seriam muito bem vindas, como reciclar, consumir somente o necessário, não
desperdiçar, reutilizar, compartilhar entre muitas outras atitudes que são
simples cabíveis a todos, o simples fato de não jogar o papel de bala no chão
ajudaria muito.
Todas estas atitudes e reflexões são simplistas e não
resolveram o problema da humanidade e da terra, mas serviram como ponto de
partida, com a evolução da cultura e com amadurecimento da humanidade soluções
e atitudes coesas para a auto-intitulação homo
sapiens surgiram, se não por amor por necessidade e por desespero.
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