terça-feira, 26 de julho de 2016

O que queremos

          Estamos cientes que a aventura da vida é finita, ainda sim vivemos como se fossemos eternos, mesmo cientes que biologicamente somos tão parecidos com outros seres, mesmo conscientes da nossa consciência. Ironicamente estamos na contra mão da existência e da sobrevivência como espécie.
            Longe de domar nossos instintos que ao contrário de outras criaturas, estão nos levando à extinção, assim como todo o equilíbrio da vida. Mas, por que isso acontece? Seria pela arrogância de acharmos seres superiores? Seria pela alienação imposta por nós mesmos? Aonde vamos chegar? O que queremos como indivíduo e como “sociedade”?

Quem mata o tempo injuria a eternidade. "Henry David Thoreau"
            Estas perguntas que alguns poucos ruminam parecem não fazer sentido a grande maioria tão ocupada e preocupada com coisas tão banais. Inventamos problemas e desafios prosaicos para dar sentido ao viver, como se a vida por si só fosse banal, vazia e sem sentido. Perdemos as raízes com o vital da vida que é a interação, estamos ermos contra tudo e todos na busca de uma afirmação e de conquistas. Queremos ir sempre mais longe sem apreciar o caminho, procuramos o topo simplesmente pela satisfação de olharmos como “superiores”.  Não seria hora de conquistar a auto-afirmação? Não seria hora de questionar a nossa existência e buscarmos um caminho menos solitário e mais solidário? Não seria o momento de descermos do pedestal e nos olharmos como criaturas?
            Todos estes questionamentos deveriam ser mantras de nosso dia a dia, não precisamos de novas tecnologias, mas sim de sabermos como usar as já existentes, de vermos tudo de uma maneira mais simplista e funcional, de “re-domar” nossos instintos a sobrevivência da espécie, não ao antropocentrismo narcisista. Não somos mais funcionais, nos perdemos no caminho, tivemos nossas raízes cortadas, nossa existência contestada. Ainda somos bichos, enjaulados e domesticados por necessidades efêmeras e levianas.
            Nossa maior necessidade ainda é sobreviver, indiferente do tamanho e da arquitetura, uma casa é ainda é abrigo, não importa a cor, a etiqueta, roupas ainda são para proteção, ainda temos que comer e como sabedores da realidade atual não necessariamente necessitamos procriar sem antes saber como cuidar.
            Estamos em busca de respostas, mas de respostas que nos satisfaçam ou que nos conduzem a verdade? A busca pelo conhecimento só tem sentido se esse for empregado ao bem comum. A felicidade está na existência e no viver, nossa existência é plena, no entanto, finita, e deve ser deixada como herança.
Nossa grande procura, está dentro da nossa própria essência.
            Esperamos por soluções como se está fosse externa a nossas obrigações e a situação se agrava, pois a entidades que deveríamos no proteger na verdade mais agravam a condições humanas do que propriamente nos protegem. Entidades como a política quando fazem são imediatistas e buscam agradar o bem estar da população que está corrompida e alienada ao consumismo e ao individualismo. Por fim a corrupção, a venda de votos e interesses, o despreparo e o sistema governamental pautado no capitalismo e no crescimento a qualquer custo selam o desacordo com a harmonia com a natureza e com a própria sociedade.
            A (s) religião (s), ou a religiosidade seria outro ator social em defesa da humanidade e da harmonia, no entanto, as pregações estão mais voltadas às interações espirituais que não deixam de ser essenciais, no entanto, se mostra antropocêntrica. Sobre tudo no cristianismo no qual o homem é uma criatura superior, sem uma reflexão profunda e filosófica entre criaturas e criador, homem e natureza, homem e Gaiá... Pouco se discute sobre a ética e moral tão fundamentais ao existencialismo humano.
A bondade é o único investimento que nunca vai a falência. "Henry David Thoreau"
            Não menos decepcionante está a ciência que trabalha quase que única e exclusivamente aos interesses do homem e das tecnologias, ou seja, ao “crescimento” imponderado das vaidades e das necessidades superficiais. Contudo, a esperança humana ainda é a ciência que obrigatoriamente deve estar amparada em princípios éticos e transcendentais. Todo conhecimento deve ser regulado ao bem estar e soluções globais e palpáveis a todas as classes e criaturas.
                 Por fim todas as responsabilidades recaem sobre cada indivíduo, independente do clero, status, etnia, cargo, ocupação, enfim... Todos os homens são responsáveis. Não necessariamente todos nós deveríamos tornar Franciscanos, talvez até seja um ideal utópico a ser refletido, mas devido às circunstâncias da humanidade atual isso seria inviável e impossível. Também não adianta apenas ir contra o sistema, se isolar em comunidades ou simplesmente se aderir à filosofia hippie ou qualquer outra cultura questionável e sem grandes contribuições sociais. Simples atitudes seriam muito bem vindas, como reciclar, consumir somente o necessário, não desperdiçar, reutilizar, compartilhar entre muitas outras atitudes que são simples cabíveis a todos, o simples fato de não jogar o papel de bala no chão ajudaria muito.
            Todas estas atitudes e reflexões são simplistas e não resolveram o problema da humanidade e da terra, mas serviram como ponto de partida, com a evolução da cultura e com amadurecimento da humanidade soluções e atitudes coesas para a auto-intitulação homo sapiens surgiram, se não por amor por necessidade e por desespero.

 
Não importa quem somos, de onde viemos, nossos credos, status social, nada... Sempre, acima de tudo seremos seres biológicos, como qualquer outro animal.

Cuidado com as atividades que requeiram roupas novas. "Henry David Thoreau"

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