segunda-feira, 25 de abril de 2016

Bastidores das gravações do Terra da Gente em Caconde, SP.

  

    Entre 18 e 21 de abril estive em Caconde, SP, guiando a equipe do Terra da Gente em busca da biodiversidade local. Caconde é um município belíssimo com uma importante riqueza hídrica, como a represa da Graminha, toda essa fartura de água reflete também na qualidade de vida tanto dos moradores quanto dos animais.
   O foco de nossa busca foi o azulão (Cyanoloxia brissonii) ave difícil de encontrar na natureza já que no passado foi muito perseguida por gaioleiros devido ao seu canto melodioso, mas hoje graças à conscientização ambiental e a fiscalização dos órgãos ambientais a ave volta a aparecer, nessa busca tivemos a companhia do experiente biólogo Eric Williams.
   No encalço do azulão tivemos belos encontros, como a bela choca-barrada (Thamnophilus doliatus), a juruva-verde (Baryphthengus ruficapillus), o canário-do-mato (Myiothlypis flaveola), a ariramba-de-cauda-ruiva (Galbula galbula) a pipira-vermelha (Ramphocelus carbo)  a corujinha-do-mato (Megascops choliba) entre outras belas aves. Também nos deparamos com ouriço (Coendou prehensilis) que curiosamente ruía a parede do chalé onde estávamos hospedados e um bando quatis (Nasua nasua).
   Além das aves também mostramos o trabalho do biólogo e herpetólogo Rodrigo Matavelli e os estudos do biólogo, italiano Stefano que trabalha com insetos em especial formigas, importante grupo que propícia importante serviço ecológico ao meio ambiente e até mesmo a agricultura. A matéria Foi finalizada no sitio do pescador Rovilson as margens da represa da Graminha que tem o hábito de tratar dos beija-flores no seu quintal, um verdadeiro espetáculo onde a disputa por alimento e espaço é ferrenha.

   Agradeço a toda equipe pelo esforço e profissionalismo tão importante ao conhecimento da natureza e a educação ambiental, também um agradecimento especial a Juliano Costa, Luciano Bernades e Lucas Barbosa pelas valiosas dicas. 

Represa da Graminha
Nascer do sol no mirante de Caconde
Ariramba-de-cauda-ruiva
Azulão
Canário-do-mato
Choca-barrada, fêmea
Choca-barra, macho
Equipe do Terra tentando fotografar o Azulão.
Ouriço comendo a parede do chalé aonde estávamos hospedados. 
Casal de corujinha-do-mato que veio no play-back da corujinha-sapo
Equipe do TG, gravando no sítio do pescador Rovilson
Stenano e Rodrigo Matavelli falando sobre seus trabalhos. 
Borbote de 2 cabeças (Colobura dirce) 
Juruva-verde
pipira-vermelha ou bico-de-louça como é conhecido regionalmente. 
Godoy, Nhonho, Passarinho e Batatinha, 
Veja no linque abaixo o programa que foi exibido no dia 04/06/16

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Scytalopus petrophilus (tapaculo-serrano) descoberta no Planalto de Poços


             Texto Ederson Godoy, baseado nas descrições de Geiser Trivelato. 

    Historicamente sempre ouve no Planalto de Poços muitos trabalhos de pesquisas com avifauna sendo a primeiro conhecido em 1958, por A Ruschi, (Lara, 1990), que cita espécies da família Trochilidae existentes na região. Posteriormente em 1967 há coletas realizadas por Sick em visita ao Morro do Saco e do Ferro nas quais as peles foram depositadas no Museu do Rio de Janeiro, RJ.

    Atendo a exigências ambientais e com foco de conhecimento preservacionista foram realizados mais 7 trabalhos de pesquisas até os dias atuais, sob diversas metodologias que conseguiram somar 343 espécies identificadas. No entanto, em grande parte estas pesquisas foram pontuais e temporais e mesmo sendo metodologicamente adequadas não foram capazes de quantificar o total de aves ocorrentes no planalto. Pensado nisso, resolvi através de “passarinhadas” incrementar a lista, pois mesmo sem uma metodologia rígida os registros fotográficos e sonoros são capazes de apontar com clareza a ocorrência de espécies que passaram despercebidas ou não ocorriam temporalmente ou localmente nas áreas de pesquisadas.

    Para me ajudar nesse trabalho convidei o biólogo e ornitólogo Eric Williams Arruda e o experiente Guia de observação de Aves Geiser Trivelato. Durante 24 meses conseguimos acrescentar a lista do planalto mais 19 espécies: os exóticos Anas platyrhynchos (pato-real), Estrilda astrild (bico-de-lacre), e Paroaria dominicana (cardeal-do-nordeste) e os nativos Donacobius atricapilla, (japacanim) Pyrocephalus rubinus (prícipe), Phaeomyias murina (bagageiro), Theristicus caudatus (curicaca), Lanio pileatus (tico-tico-rei-cinza), Cyanocorax chrysops (gralha-picaça), Habia rubica, (tiê-do-mato-grosso), Hylophilus amaurocephalus (vite-vite-de-olho-cinza), Ilicura militaris (tangarazinho), Myiopagis caniceps (guaracava-cinzenta), Bubo virginianus (jacurutu), Phacellodomus ferrugineigula (João-botina-do-brejo), Elaenia chiriquensis (chibum), Synallaxis cinerascens (pi-puí), Jabiru mycteria ( tuiuiú) e o Scytalopus petrophilus (tapaculo-serrano).



Scytalopus petrophilus (Tapaculo-serrano)

    Dentre todas, nossa grande surpresa foi o Scytalopus petrophilus (Tapaculo-serrano), descoberto por Geiser Trivelato na Pedra Branca, Caldas, MG que depois também avistei na Serra de São Domingos, Poços de Caldas, MG. A surpresa foi porque a ave foi descrita somente em 2010. Antes disso era erroneamente descrita como Tapaculo-preto (Scytalopus notorius). Ave que não obteve nenhum registro no planalto.

    O tapaculo-serrano é mais claro que o tapaculo-preto, sendo mais cinzento e apresenta coloração barrada de castanho com preto nos flancos. Seu canto difere do outro por ser mais acelerado. Quanto aos hábitos, tem as mesmas características, vivendo em áreas de vegetação florestal ou rupestre de altitude, mas sempre dentro de moitas densas e próximo ao solo onde se alimenta de insetos como artrópodes, chegando a andar como um camudongo ou a meia altura, escolhendo sempre o interior da densa vegetação Montana, com ou sem rochas. Parece ter preferência por áreas com samambaias e próximo de cursos d’água. Até o momento o Tapaculo-serrano tem sua área de distribuição no centro-sul de MG até o nordeste e sudeste de São Paulo em altitudes que variam de 1000 à 2000m.

Obs: O trabalho completo está em fase de avaliação e será publicado em maio na revista científica Regnellea Scientia da Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas.

Referências:
 http://www.wikiaves.com.br/tapaculo-serrano

Lara, A. I., Straube, F. C., Antonelli-Filho, R., Paccagnella, S. G. & Motta, J. T. W. (1990) Lista das aves do planalto de Poços de Caldas, Minas Gerais. Poços de Caldas: ALCOA

SIGRIST. T, (2013) Avifauna Brasileira, Guia de Campo Avis Brasilis, Vinhedo, SP. 

SICK, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira

A ave responde ao play back, no entanto, mesmo assim não é fácil fotografá-la, pois tem hábito de caminhar no solo entre a vegetação e a serrapilheira. 

Uma das formas de identificar a ave é pela parte traseira da ave, que é dourado com listas pretas. 

Para fotografá-la é mais fácil deitar-se no chão do que tentar vê-la por cima.

O tapaculo-serrano tem dimorfismo sexual, o macho é mais escuro
Vídeo da vocalização da ave. 


segunda-feira, 4 de abril de 2016

Jacurutus do Tripuí - matéria publicada na revista passarinhando n7.

Publicação de fotos e texto na revista Passarinhando N7 de Abril, março de 2016.
A matéria fala sobre uma observação de jacurutus (Bubo virgianus) no bairro Tripuí, município de Caldas, MG. Para ler essa e outras matérias na integra entre no http://revistapassarinhando.com.br/ e adquira a revista que pode ser baixada em PDF. A revista é uma excelente ferramenta para observadores de aves, contém dicas, roteiros, curiosidades e muitas informações para os apaixonados em natureza e observadores.