terça-feira, 28 de abril de 2015

Contatos de 1ª grau.




E evidente que grande parte dos problemas ambientais provém da nossa falta de conhecimento e interação com a natureza, essa distância não só nos deixam indiferentes aos outros seres, como também nos causam medo e insegurança em presença da natureza e em especial com outros animais.
            A visão é um dos sentidos mais importantes para os humanos e por isso, a fotografia pode ser uma excelente opção para nos aproximar e nos introduzir novamente com o selvagem nos sensibilizando e ensinando por meio de sua informação e encanto, sobre tudo quebrando o paradigma de superioridade que temos de outras criaturas.
            O olhar atento do fotógrafo o leva aos primórdios quando ainda era caçador e caça, através do olhar é possível compreender e admirar toda a complexa e perfeita trama da vida, com sua intimas e delicadas inter-relações entre todos os seres incluindo nós, humanos, em nossa gaiolinha de concreto.

            O fotógrafo é um pesquisador, um observador, por diversas vezes me deparei com situações inusitadas, curiosas e com valiosas informações ao mundo acadêmico, e mesmo que não tenha conseguido o restrito fotográfico fui testemunho ocular de fatos e situações fundamentais ao conhecimento humano, enriquecendo minhas experiências e relações interpessoais.
            O primeiro fato inusitado que consegui registrar foi um (bentevi) Pitangus sulfuratus, regurgitando uma semente, esse fato me deixou mais atento, depois disso percebi que mais duas espécies com o mesmo hábito; o (sabiá-laranjeira) Turdus rufiventris, e a (tesourinha) Tyranus savaca, que regurgita as carapaças dos insetos do qual se alimenta. Em outra situação testemunhei uma família de (bugios) Bugio aloutta, usando exatamente de um mesmo ponto para defecar, literalmente fizeram uma fila para usar o banheiro. Outra situação surpreendente foi achar um casal de (gambás-de-orelha-preta) Didelphis aurita se alimentando de uma serpente, com certeza abatida por eles.

            Entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015, realizei pela Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas um trabalho de pesquisa de Aves Dispersoras da Protium heptaphillum (almecegueira), durante o trabalho de campo que envolveu observações diretas diversas vezes deparei com situações privilegiadas de conhecimento pessoal e acadêmico, como por exemplo, ver o Coereba flaveola (cambacica) se alimentando dos frutos da almecegueira, até aí tudo bem, a não ser pelo fato da espécie ser conhecida como nectívora pelos biólogos, ou seja, uma ave que se alimenta principalmente do néctar das flores, assim como os beija-flores. Além desta constatação pude ver de perto a importância das aves para a floresta e vice versa. Como é delicada, complexa e perfeita a teia da vida! Todas estas curiosas situações despertaram interesse e me motivaram ao um contato mais próximo com o mundo natural.
Coereba flaveola se alimentando de frutos
            Não acredito que serão os fotógrafos de natureza, pesquisadores e amantes da natureza que salvarão o planeta, pois estamos bem longe disso! O homem depende da natureza para sobreviver e a natureza não necessita do homem para se conservar, o que a natureza precisa é que olhemos como parte dela e não como recursos naturais ou na melhor das hipóteses como algo apenas contemplativo. 


Veja o vídeo com depoimentos de grandes fotógrafos sobre suas relações e observações sobre a natureza. 

http://fotografoedersongodoy.blogspot.com.br/2013/09/fotografos-de-natureza-cacadores-da-alma.html


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