Verdenovo: Que lebre é essa?

Gato por Lebre

Ao visitar alguns parentes na zona rural de Caldas, mas especificamente no bairro Tripuí, recebi um convite para procurar e fotografar “uma tal lebre” que segundo o meu tio Lucas tem se tonado muito comum na região e que é uma verdadeira praga para as plantações, principalmente para as lavouras de feijão. Também acrescentou que essa lebre era muito maior e muito mais rápida que a outra que antes era vista, mas que agora é muito difícil de ser encontrada. Como ele é ex-caçador e ainda continua pescando não dei muito crédito para suas descrições

Ao chegar ao local indicado pelo meu tio, aproximadamente 7 horas da noite, acendi a lanterna e apontei para a plantação, que não tinha mais do que 3 equitares, me surpreendi pelo o que vi: _ Não era uma ou duas lebres, mas um verdadeiro bando, só que consegui contar formam 8 animais saciando-se das plântulas do feijoeiro.

Nesse momento começou a correria minha e do meu tio para fotografar as lebres, ele segurava a lanterna para que conseguisse o foco e eu tentava fotografa-las, numa verdadeira corrida em meio à plantação, não foi fácil, pois realmente o bicho é rápido e facilmente se espalhou por outras plantações e fragmentos florestais ao redor, foi difícil mais consegui, as condições de total escuridão me obrigaram a usar Isos elevados e flash, isso atrapalhou na composição das fotos, mas a missão foi cumprida.

Mas que lebre é essa?

Embora facilmente encontrada na região podendo mesmo visualizada aos bandos em plantações, não é um animal nativo da região, nem mesmo do Brasil. Essa lebre é exótica que não tem nada a ver com nossa lebre, o tapeti (Sylvilagus brasiliensis) que é muito menor chegando ao máximo 1,5 quilos enquanto a exótica chega facilmente aos 5 quilos. Segundo Sibinnelli essa “lebrona” (Lepus europaeus) veio trazida da Europa para a Argentina em 1896, para fazendas de caça, e para o Chile em 1986, para ser criada em cativeiro e abastecer restaurantes. O bicho escapou para a natureza por falta de controle adequado, foi liberada por criadores arrependidos do negócio ou propositalmente solta para facilitar a caça esportiva. Não teve dificuldades em se instalar em ambientes naturais ou junto a lavouras e vem se espalhando desde então, como uma verdadeira praga agrícola.

Fonte: (Valdemar Sibinelli Revista Terra da Gente - Campinas, SP March 2010).