Artigo publicado como banner no XII Congresso de meio ambiente de poços de caldas.
(1) Técnico em Meio Ambiente (Fundação Jardim
Botânico de Poços de Caldas – Departamento Técnico-Científico), Rua: Paulo de
oliveira, nº 320, Parque Véu das Noivas, Poços de Caldas, Minas Gerais.
Endereço eletrônico:
(2) Engenheiro Agrônomo (Fundação Jardim Botânico
de Poços de Caldas – Diretor do Departamento Técnico-Científico). Endereço
eletrônico:
(3)Biólogo (Fundação Jardim Botânico de Poços de
Caldas – Departamento Técnico-Científico). Endereço
eletrônico:ericarudawilliams@hotmail.com
Resumo - (Primeiro
registro da espécie Jabiru mycteria (Lichtenstein, 1819), (Ciconiiformes
Bonaparte, 1854: Ciconiidae Sundevall, 1836) para o Sul e Sudoeste do estado de
Minas Gerais, Brasil) O presente estudo tem como objetivo incluir um novo táxon
à riqueza específica da avifauna da mesorregião Sul e Sudoeste do estado de
Minas Gerais, através de registro realizado no dia 3 de março de 2014, às 09h12min, no município de Congonhal, Minas
Gerais, Brasil. A ocorrência da espécie Jabiru mycteria (Lichtenstein,
1819) foi constatada através do avistamento de dois indivíduos em ambiente de
várzea às margens de riacho afluente do Rio do Cervo, nas coordenadas 22°
09’29.13”S e 46° 04’ 58.39”O (DATUM WGS84) a ocorrência foi documentada através
de registro fotográfico. Este novo registro de ocorrência para um táxon até
então não documentado para estas regiões demonstra que há a necessidade de
maiores esforços para caracterizar a diversidade da avifauna.
Palavras-chave: Novo registro. Avifauna. Minas Gerais. Sul e Sudoeste.
Introdução
A família
Ciconiidae Sundeval, 1836 está representada no Brasil pelas espécies Ciconia
maguari (Gmelin, 1789), Mycteria americana Linnaeus, 1758 e Jabiru
mycteria (Lichtenstein, 1819), (CBRO, 2014). A família Ciconiidae é
caracterizada por suas espécies possuírem bico muito grande, com formato
diverso, plumagem branca ou branca e preta. Não apresentam dimorfismo sexual,
porém os machos possuem maior porte e geralmente alguma diferença no formato do
bico (Sick, 2001).
Dentre os três
táxons representantes da família Ciconiidae no Brasil, podemos destacar a
espécie Jabiru mycteria (Lichtenstein, 1819), popularmente conhecida
como Tuiuiú ou Jaburu, por apresentar 107 cm de altura, envergadura de 260 cm e
peso de 8 Kg, podendo ser considerada a maior ave brasileira após a espécie Rhea
americana (Linnaeus, 1758) (Sick, 2001; Sigrist, 2013). A espécie também se
caracteriza por apresentar bico colossal, levemente curvado para cima. Partes
nuas negras e occiput com penas brancas e pescoço dilatável com base
vermelha (Sick, 2001; Willis & Oniki, 2003).
A espécie Jabiru
mycteria apresenta hábito alimentar onívoro, tendo com hábitat lagos,
represas, pântanos, brejos e campos alagados onde caça presas aquáticas atulhadas
e pequenos répteis terrestres. Possui também hábito necrófago, por vezes sendo
avistada juntamente com Coragyps atratus (Bechstein, 1793)
alimentando-se de animais em decomposição (Sick, 2001; Sigrist, 2013). Sua
reprodução é solitária, não em colônias; constrói seu ninho em árvores geralmente
isoladas, reutilizando-o por vários períodos reprodutivos (Sigrist, 2013).
Jabiru mycteria |
Segundo Sigrist
(2013), Frisch & Frisch (2005), Willis & Oniki (2003) e Sick (2001) a
espécie possui ampla distribuição no Brasil, mas sua população está concentrada
no Estado do Mato Grosso, preferencialmente, no bioma Pantanal. Mesmo a espécie
apresentando grande amplitude de ocorrência no território brasileiro, até o
momento nenhum registro de ocorrência foi documentado para as regiões Sul e
Sudoeste do estado de Minas Gerais, Brasil, (Vasconcelos et al, 2002;
Moura et al, 2010; Lombardi et al, 2007a; Lombardi et al,
2007b; Manhães & Loures-Ribeiro, 2011; Corrêa, 2008; Ribon, 2003; Moura
& Corrêa, 2011; Williams & Liberalli, 2014; Lara et al, 1990).
O presente trabalho objetiva apresentar a
documentação do registro de Jabiru mycteria (Lichtenstein, 1819) para a mesorregião Sul e Sudoeste do estado de
Minas Gerais, Brasil. Incluindo assim um novo táxon à riqueza específica regional.
Material e Métodos
A mesorregião Sul
e Sudoeste do estado de Minas Gerais (Figura 1) abrangem 146 municípios e está
localizada no sudeste do Brasil, o clima, conforme a classificação de Köppen é
do tipo CWA, apresentando temperatura média anual de 19,4 C°
e precipitação média anual de 1.529,7 mm (Ometto, 1981). A região está sob o domínio
fitogeográfico dos biomas Mata Atlântica e Cerrado (Monteiro Filho, 2012;
MMA, 2002).
Figura-1: Mesorregiões do estado de Minas Gerais.
Fonte: Governo do estado de Minas Gerais.
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Com intuito de não apenas
caracterizar e preservar a flora, o departamento Técnico Científico da Fundação
Jardim Botânico de Poços de Caldas dedica esforços ao estudo da fauna regional,
mais especificamente, à avifauna; realizando juntamente às coletas botânicas,
campanhas dedicadas à caracterização da riqueza específica da avifauna do
Planalto de Poços de Caldas e região, contando, para isso, com o auxílio de
equipamentos como: Binóculos Nikon Monarch 8X40 e Nikon Action 8X40, gravador
Tascam DR-40, microfones Sennheiser ME-67 e ME-66 e equipamento fotográfico
Cannon EOS 5D Mark II com objetiva 100-400mm.
Resultados
e Discussão
Em consequência
dos esforços dedicados à caracterização da diversidade da avifauna ocorrente no
Planalto de Poços de Caldas e regiões adjacentes, no dia 3 de março de 2014, às
09h12min, no município de Congonhal, Minas Gerais, Brasil, foi registrada a
ocorrência da espécie Jabiru mycteria.
O município de
Congonhal (22°09'13.21"S e 46°02'27.06"O / DATUM WGS84) está a uma
altitude que varia entre 1.437 m e 866 m (Figura 1) e possui divisas com os
municípios de Pouso Alegre, Ipuiuna, Borda da Mata, Senador José Bento e Espírito
Santo do Dourado (Prefeitura Municipal
de Congonhal, 2014).
Dois espécimes de Jabiru
mycteria (Lichtenstein, 1819) foram avistados em ambiente de várzea às
margens de riacho afluente do Rio do Cervo, nas coordenadas 22°09'29.13"S e 46°04'58.39"O (DATUM WGS84) a
ocorrência foi documentada através de equipamento fotográfico Cannon EOS 5D Mark II com objetiva 100-400mm (Figuras 1 e 2).
Segundo Sigrist
(2013), jabiru mycteria vem sofrendo com a perda de seu habitat, conseqüência
da degradação de rios, matas ciliares e aterramentos de pântanos e banhados,
tornando-se, assim, cada vez mais restrita a algumas regiões do Brasil.
Portanto, este registro de ocorrência pode ser o resultado da degradação de seu
habitat original e o indicador da busca de novas áreas em substituição à
anterior.
Mesmo a espécie
não apresentando dimorfismo sexual, provavelmente os espécimes observados
tratam-se de um casal pelas características apresentadas. Observou-se que os
espécimes forrageavam no local, porém suas presas não puderam ser identificadas. Não foi registrada a presença de outros indivíduos
nas proximidades.
Conclusão
Este novo registro
para a ocorrência de um táxon até então não documentado para a mesorregião Sul
e Sudoeste do estado de Minas Gerais, comprova que a área mesmo sendo
razoavelmente inventariada, necessita de maiores esforços para caracterizar sua
biodiversidade, esforços esses que acrescentarão novas informações sobre os aspectos
biológicos regionais e, consequentemente, incrementarão o conhecimento já
adquirido sobre a avifauna brasileira.
Por conseguinte a
este registro, estudos devem ser realizados com o intuito de esclarecer se há
uma população residente na região ou se a espécie a utiliza como ponto de
repouso migratório, em ambos os casos a preservação da espécie, localmente, estará
intimamente relacionada à conservação das microbacias regionais.
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